quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Transeunte

Agora minha tristeza transborda
e pára aqui.
Não consigo colocá-la em
outro lugar.
Eu preciso do soneto
da perdida esperança
do poeta que perde o bonde e
volta pálido para casa.
Também tenho uma rua inútil
onde nenhum auto passaria sobre
meu corpo.

Acho que meu cansaço
é mais forte que eu
não quero me levantar
não quero chorar
minha angústia ultrapassa
a silhueta sombria
de uma dor
que passa (ultrapassa)
os limites.

Meus limites do corpo
e da alma
do meu ego e da minha vaidade
da minha tristeza
e dos meus olhos
da minha cor
não me interessam,
nada mais.

Quero velar minha tristeza
como quem vela um amor morto
vivido há anos
com todos seus detalhes
como quem vela um amor morto
experimentado há pouco
com todas as suas emoções
como quem vela um amor nunca vivido, porém morto
por nunca ter sido encontrado.

Quero essa tristeza longe
apesar de admiti-la minha
e cultivá-la como a dor
de quem passa
sem bonde
sem palidez
sem casa
sem rua inútil

sem atropelamento.

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