Sabe qual o nosso "poblema"?
É que esperamos que o "outro" nos complemente... nos preencha... nos aqueça.
Esperamos que o outro seja a nossa solução.
Tome as rédeas da nossa vida. Faça o nosso jantar.
Corra para nossa cama.
Seja nosso conforto.
Nossa saudade.
Nos dê frenesi. Insônia. Taquicardia.
Suor frio. Devaneios. Inspirações.
Fome. Suspiros. Expectativas.
E como temos a capacidade inexplicável (você consegue explicar? Empatamos, pois eu, não!)
da volubilidade atômica simplesmente achamos que, de repente,
tudo perdeu a graça, o encanto,
a magia.
Mas quem disse que tem que ser mágico?
Aquilo que prende, inebria, entontesce
não precisa ser fascinação. Pode ser real,
e ainda assim ser bom. Tri-bom.
Mas a gente não se permite. Não se atreve.
Recuamos, damos um passo atrás.
Não nos permitimos sequer desmoronar.
Atrás de quê? De quem?
É o boicote. De nós mesmos.
Ninguém nos complementa porque nós não nos encontramos.
Somos a solidão de Chico Buarque, atrás de nossas almas perdidas,
que não se permitem ser amadas,
com explicações esdrúxulas como as cartas de amor de Fernando Pessoa.
Quem vamos permitir romper a parede que construimos
cautelosamente com teorias lidas ao léu, e tomamos, de assalto,
como se fossem nossas por toda vida?
Somos José, de Drummond: a festa acabou, a luz apagou.
Sozinho no escuro, qual bicho-do-mato, sem teogonia,
sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto que fuja a galope.
Você marcha, José, para onde?
Vá entender, então, o que há entre o céu e a terra, além de nossa
vã filosofia.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
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